A essência do Natal
Era
uma vez um menino rico que só pensava em si próprio e no seu bem-estar. Um dia,
a sua mãe foi ter com ele e disse-lhe:
- Andam a angariar brinquedos para
dar às crianças mais necessitadas. Eu pensei que tu podias ajudar.
- Não, mãe, os brinquedos são meus e eu ainda
brinco com todos - desculpou-se ele.
Durante as férias de Natal, o menino,
que se chamava Rui, após ter enfeitado a árvore de Natal artificial, com muitas
luzes e bolas coloridas, foi brincar para o jardim, levando consigo um carro
telecomandado. Nessa altura, avistou o seu vizinho Tomás que estava a brincar
com um velho pião. Observou também o pai do Tomás a enfeitar um pinheiro que
tinha ido buscar à bouça, com algumas bolas de madeira, pois era carpinteiro.
-Que pobreza! -pensou ele.
Durante o jantar, a mãe do Rui
comentava com o seu marido:
- Ainda nos falta encomendar o
pão-de-ló, o bolo-rei de chocolate, o tronco de Natal, o pudim e os frutos
secos.
- O que é que o Tomás vai ter na
mesa, na noite de Natal? - interrompeu o Rui.
-Ó filho, vai ter poucas coisas, mas
eu costumo dar-lhes qualquer coisa para porem na mesa, mas não penses nisso,
porque o Natal é uma época só de coisas boas e alegres - respondeu a mãe do
Rui.
Chegara a noite de Natal. O Rui,
enquanto a mãe preparava a mesa para a tradicional ceia, decidiu ir brincar com
o Tomás, pois não tinha irmãos e sentia a falta de um amigo. Novamente, o Rui
apercebeu-se da grande pobreza em que esta família vivia e ficou triste e
preocupado. Rui brincava com a sua bicicleta nova e Tomás com um carrinho de
rolamentos que o pai tinha construído.
Era a hora da Ceia. À volta da mesa
estavam os familiares do Rui, a sua bisavó, avós, tios, primos e padrinhos. De
vez em quando, Rui olhava para debaixo do pinheirinho, aonde estavam muitas
prendas. Na cozinha, a mãe do Rui dava orientações à criada para que o jantar fosse
o melhor possível.
Quando o Rui já estava a comer polvo
e outras iguarias, lembrou-se do seu vizinho, que naquela altura devia estar a
comer qualquer coisa que a mãe tinha posto na mesa.
No fim do jantar, ouviam-se conversas
por todo o lado e a animação reinava. Aguardava-se a meia-noite e a abertura
das prendas. Os primos, ainda crianças, corriam de um lado para o outro a
brincarem uns com os outros, à espera do Pai Natal.
Quando já faltava pouco para a hora
desejada, o tio do Rui, entusiasmado, proclamou:
-Vão lá para fora para verem o
fogo-de-artifício!
O Rui e os seus primos foram logo a
correr. Cá fora, deparou-se com o vizinho Tomás a brincar com o seu pai. Rui chamou
por ele e perguntou-lhe:
- O que é que achas que vais receber
como prenda?
- Eu?! Eu não costumo receber
prendas. O dinheiro não chega para coisas dessas - disse ele.
- A sério?! Só podes estar a
brincar, todas as crianças estão ansiosas por abrir as prendas e tu não recebes
nenhuma! - exclamou o Rui.
- Já estou habituado - declarou
tristonho o Tomás.
Entretanto, o pai do Rui já estava
pronto para lançar os foguetes.
-Vamos ver os foguetes, que depois
vais ter uma surpresa – disse o Rui para o Tomás.
No final do espetáculo do fogo-de
artifício, foram todos para dentro. Era a hora de abrirem as prendas: caixas de
bombons, roupa, brinquedos, telemóveis, entre muitos presentes que todos
receberam.
Nessa
altura, a magia do Natal aconteceu. O Rui pegou na sua maior prenda e decidiu
oferecê-la ao Tomás. Este nem queria acreditar. Os seus olhos brilhavam de
alegria.
- Obrigado. É a primeira vez que
desembrulho uma coisa tão grande!- agradeceu o Tomás.
Cúmplices da amizade verdadeira que
nascia, foram brincar para a sala de jogos da casa do Rui.
A mãe do Rui foi lá ter e,
emocionada, sussurrou-lhe ao ouvido:
- Sabes qual foi a melhor prenda que
me deste neste Natal? Deixares de ser egoísta, dando ao Tomás uma prenda tua.
Fiquei muito contente, Rui.
- Obrigado! E vês aqueles brinquedos ali à frente?
São para doar a outras crianças!- afirmou o Rui, percebendo que a essência do Natal
não são as prendas, mas sim, podermos fazer alguém feliz.
Pedro Manuel Carvalho
Fonseca_ Agrupamento de Escolas de Gondifelos, V.N. Famalicão
Professora
Coordenadora. Maria Conceição Barros Pereira
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