sexta-feira, 15 de abril de 2016

Escalão B- 1º Prémio

                                                    A essência do Natal
Era uma vez um menino rico que só pensava em si próprio e no seu bem-estar. Um dia, a sua mãe foi ter com ele e disse-lhe:
            - Andam a angariar brinquedos para dar às crianças mais necessitadas. Eu pensei que tu podias ajudar.
             - Não, mãe, os brinquedos são meus e eu ainda brinco com todos - desculpou-se ele.

            Durante as férias de Natal, o menino, que se chamava Rui, após ter enfeitado a árvore de Natal artificial, com muitas luzes e bolas coloridas, foi brincar para o jardim, levando consigo um carro telecomandado. Nessa altura, avistou o seu vizinho Tomás que estava a brincar com um velho pião. Observou também o pai do Tomás a enfeitar um pinheiro que tinha ido buscar à bouça, com algumas bolas de madeira, pois era carpinteiro.
            -Que pobreza! -pensou ele.
            Durante o jantar, a mãe do Rui comentava com o seu marido:
            - Ainda nos falta encomendar o pão-de-ló, o bolo-rei de chocolate, o tronco de Natal, o pudim e os frutos secos.
            - O que é que o Tomás vai ter na mesa, na noite de Natal? - interrompeu o Rui.
            -Ó filho, vai ter poucas coisas, mas eu costumo dar-lhes qualquer coisa para porem na mesa, mas não penses nisso, porque o Natal é uma época só de coisas boas e alegres - respondeu a mãe do Rui.           
            Chegara a noite de Natal. O Rui, enquanto a mãe preparava a mesa para a tradicional ceia, decidiu ir brincar com o Tomás, pois não tinha irmãos e sentia a falta de um amigo. Novamente, o Rui apercebeu-se da grande pobreza em que esta família vivia e ficou triste e preocupado. Rui brincava com a sua bicicleta nova e Tomás com um carrinho de rolamentos que o pai tinha construído.    
            Era a hora da Ceia. À volta da mesa estavam os familiares do Rui, a sua bisavó, avós, tios, primos e padrinhos. De vez em quando, Rui olhava para debaixo do pinheirinho, aonde estavam muitas prendas. Na cozinha, a mãe do Rui dava orientações à criada para que o jantar fosse o melhor possível.
            Quando o Rui já estava a comer polvo e outras iguarias, lembrou-se do seu vizinho, que naquela altura devia estar a comer qualquer coisa que a mãe tinha posto na mesa.
            No fim do jantar, ouviam-se conversas por todo o lado e a animação reinava. Aguardava-se a meia-noite e a abertura das prendas. Os primos, ainda crianças, corriam de um lado para o outro a brincarem uns com os outros, à espera do Pai Natal.
            Quando já faltava pouco para a hora desejada, o tio do Rui, entusiasmado, proclamou:
            -Vão lá para fora para verem o fogo-de-artifício!
            O Rui e os seus primos foram logo a correr. Cá fora, deparou-se com o vizinho Tomás a brincar com o seu pai. Rui chamou por ele e perguntou-lhe:
            - O que é que achas que vais receber como prenda?
            - Eu?! Eu não costumo receber prendas. O dinheiro não chega para coisas dessas - disse ele.
            - A sério?! Só podes estar a brincar, todas as crianças estão ansiosas por abrir as prendas e tu não recebes nenhuma! - exclamou o Rui.
            - Já estou habituado - declarou tristonho o Tomás.
            Entretanto, o pai do Rui já estava pronto para lançar os foguetes.
            -Vamos ver os foguetes, que depois vais ter uma surpresa – disse o Rui para o Tomás.
            No final do espetáculo do fogo-de artifício, foram todos para dentro. Era a hora de abrirem as prendas: caixas de bombons, roupa, brinquedos, telemóveis, entre muitos presentes que todos receberam.
            Nessa altura, a magia do Natal aconteceu. O Rui pegou na sua maior prenda e decidiu oferecê-la ao Tomás. Este nem queria acreditar. Os seus olhos brilhavam de alegria.
            - Obrigado. É a primeira vez que desembrulho uma coisa tão grande!- agradeceu o Tomás.
            Cúmplices da amizade verdadeira que nascia, foram brincar para a sala de jogos da casa do Rui.
            A mãe do Rui foi lá ter e, emocionada, sussurrou-lhe ao ouvido:
            - Sabes qual foi a melhor prenda que me deste neste Natal? Deixares de ser egoísta, dando ao Tomás uma prenda tua. Fiquei muito contente, Rui.
             - Obrigado! E vês aqueles brinquedos ali à frente? São para doar a outras crianças!- afirmou o Rui, percebendo que a essência do Natal não são as prendas, mas sim, podermos fazer alguém feliz.

Pedro Manuel Carvalho Fonseca_ Agrupamento de Escolas de Gondifelos, V.N. Famalicão
João Campos- Escalão B

Professora Coordenadora. Maria Conceição Barros Pereira

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