terça-feira, 3 de maio de 2016

Escalão E- 2º Prémio

Na Duelândia, Terra do Pai Natal…
Duda: um nome próprio invulgar, mas tentar-vos-ei encantar com esta história que até os corações mais gélidos poderá tocar.
Duda nasceu em Lisboa. O seu nascimento foi anunciado pelas gaivotas que sobrevoam o Rio Tejo, num dia primaveril, de céu limpo, cujas ondas embalaram o grito anunciador do seu nascimento, cujo grito quis o vento transportar, carregar e levá-lo para um outro mar que pudesse o seu nome ancorar.

No primeiro dia do seu nascimento, os seus pais afagaram-lhe levemente o seu rosto terno e deram-lhe um adocicado beijo, um gesto que o fotógrafo perpetuou naquela fotografia que anunciava o milagre da vida.
Duda era uma menina luminosa, todos a amavam, mas era diferente e, por isso, muito especial.
Quando era ainda muito pequenina, já sabendo caminhar, e, claro, falar, era tratada por ‘‘Dudinha’’. Ela destacava-se por ser a mais pequenina. Mas ninguém a diferenciava. Duda nascera anã, e só se apercebeu da sua diferença quando se tornou adolescente. Os olhares dos incompreensivos a faziam sentir assim: diferente.
Posteriormente, quando ingressou para o primeiro ciclo, a sua alegria irradiava o sol que, nos dias solarengos, ainda sobressaía mais, acariciando todos os rostos daquelas crianças genuínas que, no decorrer do recreio, jogavam à bola, às escondidas, saltavam à corda … Até as folhas das árvores abanavam como se estivessem a congratular ou até mesmo a aplaudir os divergentes números apresentados: ilusionismo, saltadores, palhacinhos e palhacinhas, malabaristas… Na verdade, o circo residia naquele lugar mágico que tocava o coração de qualquer telespetador.
Aqueles quatro anos foram maravilhosos: deram-lhe luta e a ensinaram a reconhecer o valor da simples e bela amizade, da partilha, da solidariedade, da entreajuda…
Já com dez anos entrou para o 5.º ano. Continuou com os mesmos coleguinhas de sempre, mas, entretanto, apercebeu-se que as coisas tinham mudado. Sempre que se dirigia ao balcão da papelaria, como não chegava ao mesmo, a auxiliar tinha que colocar os seus bicos em pé para a poder conseguir ver. Outros meninos e meninas de outras turmas riam-se, dizendo «-És baixinha! – Ó pequenina, cresce».
Na disciplina de Educação Física, não conseguia saltar ao trampolim (as suas pernas pequenas e um pouco arqueadas dificultavam-lhe a tarefa), no entanto, era sempre incentivada e apoiada por todos os colegas da turma, pois o professor Hércules, homem musculado que mantinha respeito, mas detentor de uma alma gentil e compreensiva, tinha para a Dudinha outro tipo de exercícios.
Um dia, chegou a casa e desabafou com os pais. Eles disseram-lhe que nem sempre as coisas correm como as pessoas querem, e que, para sermos felizes, temos de nos olhar para o espelho e ignorarmos as bocas infelizes de pessoas que não dão o devido valor ao que têm ou que simplesmente incitam a situações de fúria, invejando a felicidade dos outros: algo absurdo e incompreensível.
E, como sempre o faziam, após dias de trabalho extenuantes, os seus progenitores perguntavam-lhe sobre a escola e ajudavam-na nas suas tarefas. Com todo este apoio incondicional, Duda tornou-se na melhor aluna da escola. No primeiro ciclo, fora distinguida e integrara o Quadro de Mérito de Honra, bem como no Quadro de Mérito de Atitudes e Valores.
O dia de Natal aproximava-se…
Numa noite, Duda sonhou com a terra da Duelândia, Terra do Pai Natal.
No seu sonho, ela era um duende ao serviço do Pai Natal. A sua função consistia em fabricar os mais diversificados brinquedos e embrulhá-los com laços multicolores.  
Na Terra do Pai Natal, graúdos e miúdos ajudavam-se mutuamente não havendo lugar para a diferenciação.
Dudinha, no seu sonho mágico, apresentou ao Pai Natal um novo brinquedo: um duende da Duelândia com a seguinte mensagem: ‘‘eu sou pequenino, mas a grandeza de um ser não se mede aos palmos. Poderás ser importante como qualquer outra pessoa, logo que a tua alma seja pura e boa.’’ Na sua mente sonhadora, também seria fulcral que o Natal incluísse mensagens alusivas à moral de cada ser humano, e que se desse mais apreço aos valores da humanidade. O Pai Natal achou a ideia genial e, no dia de Natal, convidou todos os seus duendes para a distribuição das prendas.
O dia de Natal chegou, finalmente.
Dudinha foi acordada pelos pais. Todos se abraçaram e abriram os seus presentes. Mas, no meio daquilo tudo, surgiu um embrulho diferente. Dudinha, incrédula, reconheceu aquele embrulho que tantas vezes vira no sonho. As suas mãos trémulas denunciavam a sua ansiedade e pensou «Será que era o presente do sonho?».
Algures, poderá mesmo existir a Terra da Duelândia onde todos os seres são iguais. Se mudássemos as nossas atitudes, no Natal entraria o amor, a solidariedade, sem lugar ao preconceito, amando cada ser vivo de qualquer jeito.
Cristina Teixeira Pinto _ Vila Cova da Lixa

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